No segundo dia (10) do II Encontro Energia & Comunidades, representantes do governo e líderes comunitários apresentaram as localidades sem energia elétrica, as dificuldades em universalizar o acesso e os problemas decorrentes da falta do recurso público. No período da tarde, os participantes se dividiram em três grupos, conforme a comunidade de origem – indígenas, extrativistas e quilombolas – para organizar as demandas referentes à universalização da energia elétrica de qualidade.
De modo geral, identificou-se que as localidades têm várias potências para geração de energia elétrica renovável como solar, eólica e a partir da água. Há o desafio de acessar as comunidades, inseridas na floresta e geralmente com acesso apenas por barco. Também foi debatida a questão da manutenção do sistema a ser instalado. Nos relatos, a energia elétrica foi descrita como necessária para processar os produtos e alimentos e armazená-los nas próprias comunidades.
A energia elétrica de qualidade pode melhorar a qualidade de vida de populações à margem dos serviços públicos, além de gerar renda. Um exemplo é a despolpadeira do açaí, item produzido por muitas da comunidades que participaram do Encontro. Se vendido mais industrializado, as pessoas que vivem apenas do extrativismo podem comercializar um produto de maior valor agregado, tendo como consequência, inclusive, a autonomia financeira.
Soluções e problemas foram discutidos para que, ao final do Encontro, fosse produzido um documento de recomendações com base em estudos e requerimentos das pessoas que não ainda não têm acesso à energia elétrica de qualidade.
De forma inédita no Brasil, o encontro reune dezenas de representantes das populações extrativistas, indígenas e quilombolas da região amazônica, que fazem parte, ou deveriam fazer, dos programas de universalização do acesso à energia elétrica.
O evento acontece de 9 a 11 de maio de forma presencial apenas para essas populações, gestores públicos da região, membros de ministérios e órgãos de todas as esferas de poder, além de representantes de distribuidoras de energia. O formato é centrado nas interações e nos diálogos por meio de rodas de conversas com representantes de comunidades remotas que precisam de sistemas isolados de energia elétrica.
A partir desses diálogos, os grupos formados e redes presentes devem incidir nas políticas públicas para a universalização de energia, com foco em renováveis, visando assim apresentar soluções para a região Norte. São os resultados desses debates que serão apresentados com exclusividade à imprensa na coletiva.
O II Encontro Energia & Comunidades é realizado pelas organizações representativas dos beneficiários Coiab, Fepipa, Conaq, Malungo, CNS e pela Rede Energia & Comunidades, formada por um grupo de organizações atentas à causa do pleno direito à energia limpa e sustentável, conforme preconiza a legislação brasileira e o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS) número sete da Organização das Nações Unidas (ONU).
Entre as organizações que fazem parte da Rede Energia & Comunidades, estão apoiando o evento: Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Frente por uma Nova Política Energética para o Brasil, Fórum de Energias Renováveis de Roraima, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Instituto Clima e Sociedade (iCS), Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), International Energy Initiative – IEI Brasil, Instituto Socioambiental (ISA), Litro de Luz, Projeto Saúde e Alegria (PSA) e WWF-Brasil.