Belém sedia II Encontro Energia & Comunidades​

Belém sedia II Encontro Energia & Comunidades​

O encontro iniciou nesta terça-feira (9)

Começou nesta terça-feira (9), em Belém (PA), o II Encontro Energia & Comunidades. Pela manhã, representantes do poder público, do terceiro setor e líderes comunitários visitaram duas comunidades quilombolas – Santana do Arari e Comunidade Tartarugueiro, ambas localizadas ao lado da Ilha de Marajó, a cerca de uma hora e meia de barco da capital Belém. 

As duas comunidades ainda não têm acesso à energia elétrica pública de qualidade. Durante a visita, houve uma conversa entre os moradores e os visitantes para trocar informações.  

Num primeiro momento, representantes das organizações sociais que integram a rede se apresentaram e partilharam sobre suas ações.  Depois foi a vez dos quilombolas falarem de suas realidades e dificuldades relacionadas ao acesso à energia. De forma geral, todas as pessoas mencionaram inúmeras visitas de distribuidoras de energia à comunidade para mapeamento das casas e subsequente implementação do fornecimento de energia. No entanto, isso não ocorreu até o momento. 

Outra queixa foi relativa às visitas de candidatos políticos, em períodos eleitorais, prometendo melhorias e acesso à energia. Não há fornecimento de energia regular no local, somente por meio de combustível e apenas algumas famílias dispõe de energia fotovoltaica, mas que também não supre a demanda.

Os visitantes puderam perceber como a falta de acesso à energia é um obstáculo para a qualidade de vida e para as atividades dentro dos territórios.  De forma geral, a comunidade relatou que a ausência de energia dificulta principalmente acesso a direitos básicos como saúde, educação, comunicação e alimentação. 

Na saúde, a falta de energia impacta diretamente na conservação de vacinas e consequentemente campanhas e insumos. Na alimentação, as famílias precisam comprar gelo para manter os produtos conservados, gerando custos mensais de até trezentos reais.

Sem energia elétrica

Santana do Arari tem um poço artesiano que conta com um gerador de energia movido a derivado do petróleo, barulhento e poluidor, para bombear água para as casas. Esse é o único fornecimento de energia público. Próximo ao local, há uma escola pública que atende até a nona série sem energia elétrica. As crianças estudam sem acesso à internet e sob o calor amazônico nas salas de aulas sem ventilador.

As poucas residências com uma placa de painel solar no teto tiveram esse investimento feito pelos próprios moradores, geralmente pessoas com mais recursos financeiros. Vale lembrar que a comunidade vive da venda do açaí, da pesca e de outras atividades mais localizadas. O acesso à capital é feito apenas por barcos pontuais, encarecendo a passagem.

Na Comunidade Tartarugueiro, vizinha à Santana do Arari cerca de uma hora a pé pela floresta, há aproximadamente 70 famílias vivendo no local. Ela conta com uma escola de ensino médio, onde os alunos precisam caminhar para chegar para estudar. A escola tem teto com pé direito alto, mas também está sem acesso à internet ou qualquer recurso dependente de energia para reduzir o calor.

Um gerador à derivado de petróleo é acionado quando a população precisa abastecer as caixas de água ou carregar o recurso até suas casas. No demais, vivem sem acesso à energia elétrica pública para exercer outras atividades, inclusive, produtivas. Parte da população vive de agricultura familiar de subsistência e da pesca. Vale ressaltar que, além dos problemas da falta de acesso à energia elétrica pública, ambos os territórios carecem de demarcação da terra.

O acesso à energia é um direito básico, garantido pela constituição brasileira. Segundo o Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), cerca 990 mil pessoas que vivem na região Amazônica não possuem acesso à energia elétrica. Em alguns territórios a alternativa encontrada é por meio de geradores a diesel, velas e lamparinas. O saber tradicional é usado para conservar alimentos e realizar os afazeres domésticos.

Abertura do evento

No fim da tarde, houve a abertura oficial do evento com a participação de cerca de 300 pessoas de diversas localidades do Brasil. São povos indígenas, extrativistas, quilombolas e ribeirinhos, principalmente da região Norte, além de representantes do governo e do terceiro setor. 

O II Encontro Energia e Comunidades, realizado em Belém de 9 a 11 de maio, vai promover discussões a partir desses territórios e de povos locais sobre como o acesso à energia deve ser cumprido por diferentes esferas de governo (federal, estadual e municipal),  além de iniciativas, inovações e soluções práticas, que atendam às necessidades das populações da Amazônia.

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Encontro discute energia renovável em comunidades remotas na Amazônia

Encontro discute energia renovável em comunidades remotas na Amazônia

Cerca de um milhão de pessoas vivem hoje sem o direito básico à energia na região; evento propõe construção de soluções e de políticas públicas

Belém, abril de 2023 – A capital paraense vai sediar de 9 a 11 de maio, o II Encontro Energia & Comunidades. Com o objetivo de  ampliar o debate sobre planejamento energético e políticas públicas de acesso à energia renovável, trazendo também a perspectiva da energia como um direito das pessoas que vivem nos estados com menores índices de conexão, o encontro contará com a presença de lideranças de comunidades remotas e municípios com sistemas isolados de energia da Amazônia Legal, bem como, gestores públicos da região, representantes de ministérios e órgãos de todas as esferas de poder. 

O evento terá formato que propicie interações e diálogos por meio de rodas de conversas com representantes de comunidades remotas que precisam de sistemas isolados de energia elétrica – prioritariamente povos indígenas, extrativistas e quilombolas.  A partir desses diálogos, os grupos formados e redes presentes devem incidir nas políticas públicas para a universalização de energia, com foco em renováveis, visando assim apresentar soluções para a região Norte. O evento pretende ainda exigir mais transparência das distribuidoras quanto a garantia do acesso e um melhor atendimento aos serviços dimensionados para as necessidades básicas e produtivas das comunidades.

Cerca de 200 representantes de populações extrativistas, indígenas, quilombolas da região amazônica, beneficiárias ou a serem beneficiadas pelos programas de universalização do acesso à energia elétrica devem participar do encontro. 

A primeira edição aconteceu em 2019, em Manaus (AM). 

O II Encontro Energia & Comunidades é realizado pelas organizações representativas dos beneficiários Coiab, Fepipa, Conaq, Malungo, CNS e pela Rede Energia e Comunidades, formada por um grupo de organizações atentas à causa do pleno direito à energia limpa e sustentável, conforme preconiza a legislação brasileira e o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS) número sete da Organização das Nações Unidas (ONU). Fazem parte da rede: Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Frente por uma Nova Política Energética para o Brasil, Fórum de Energias Renováveis de Roraima, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Instituto Clima e Sociedade (iCS), Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), International Energy Initiative – IEI Brasil, Instituto Socioambiental (ISA), Litro de Luz, Projeto Saúde e Alegria (PSA) e WWF-Brasil. 

Serviço: 
O quê: II Encontro Energia & Comunidades
Onde: Parque dos Igarapés, Belém, Pará
Quando: 09 a 11 de maio
Veja programação completa no site: https://www.energiaecomunidades.com.br/evento/.

Credenciamento para a imprensa: acesse aqui. Os jornalistas podem cobrir o evento presencialmente ou assistir aos painéis que serão transmitidos on-line pela plataforma Zoom, com espaço para perguntas e respostas.  

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Série de reportagem sobre o andamento do Programa Mais Luz para a Amazônia. Folha de São Paulo, setembro de 2022.

Série de reportagem sobre o andamento do Programa Mais Luz para a Amazônia. Folha de São Paulo, setembro de 2022.

A equipe de reportagem da Folha de São Paulo conheceu as experiências na Terra Indígena Xingu/MT, anteriores aos programas públicos de eletrificação e as expectativas e preocupações com o programa federal Mais Luz para a Amazônia. Acompanhou uma equipe de instalação nas Ilhas do Marajó/PA e mostrou como a geração distribuída com energia solar está avançando em Roraima. As reportagens mostram parte do desafio da região.

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Assembleia Geral da ONU declara acesso ao meio ambiente limpo e saudável um direito humano universal

Assembleia Geral da ONU declara acesso ao meio ambiente limpo e saudável um direito humano universal

Resolução observa que o direito a um meio ambiente saudável está relacionado ao direito internacional vigente e afirma que sua promoção requer a plena implementação de acordos ambientais multilaterais

Com 161 votos a favor e oito abstenções, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou uma resolução histórica nesta quinta-feira (28), declarando o acesso a um meio ambiente limpo, saudável e sustentável, como um direito humano universal. China, Rússia, Bielorrússia, Camboja, Irã, Síria, Quirguistão e Etiópia se abstiveram.

A resolução, baseada em um texto semelhante adotado no ano passado pelo Conselho de Direitos Humanos, pede aos Estados, organizações internacionais e empresas que ampliem os esforços para garantir um ambiente saudável para todos.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que o desenvolvimento histórico demonstra que os Estados-Membros podem se unir na luta coletiva contra a crise de mudança climática, perda de biodiversidade e poluição. “A resolução ajudará a reduzir as injustiças ambientais, fechar as lacunas de proteção e empoderar as pessoas, especialmente aquelas que estão em situação de vulnerabilidade, incluindo defensores de direitos humanos ambientais, crianças, jovens, mulheres e povos indígenas”, disse.

Guterres acrescentou que a decisão também ajudará os países a acelerar a implementação de suas obrigações e compromissos ambientais e de direitos humanos. “A comunidade internacional deu reconhecimento universal a esse direito e nos aproximou de torná-lo uma realidade para todos”, comemorou. No entanto, acrescentou, a adoção da resolução “é apenas o começo” e pediu às nações a tornarem esse direito recém-reconhecido “uma realidade para todos, em todos os lugares”.

 

Ação urgente necessária

Em comunicado, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, também elogiou a decisão da Assembleia e reforçou o apelo do secretário-geral por ações urgentes para implementar a resolução. “Hoje é um momento histórico, mas não basta simplesmente afirmar nosso direito ao meio ambiente saudável. A resolução da Assembleia Geral é muito clara: os países devem implementar seus compromissos internacionais e ampliar seus esforços para realizá-los. Todos sofreremos efeitos muito piores das crises ambientais, se não trabalharmos juntos para evitá-las coletivamente agora”, comentou.

Bachelet explicou que a ação ambiental baseada em obrigações de direitos humanos fornece proteções vitais para políticas econômicas e modelos de negócios. “Isso enfatiza a sustentação de obrigações legais de agir, em vez de simplesmente uma política discricionária. Também é mais eficaz, legítimo e sustentável”, acrescentou.

 

Uma resolução para todo o planeta

O texto, originalmente apresentado pela Costa Rica, Maldivas, Marrocos, Eslovênia e Suíça em junho passado e agora co-patrocinado por mais de 100 países, observa que o direito ao meio ambiente saudável está relacionado ao direito internacional vigente e afirma que sua promoção exige a plena implementação dos acordos ambientais multilaterais.

Também reconhece que o impacto das mudanças climáticas, a gestão e uso insustentável dos recursos naturais, a poluição do ar, da terra e da água, a má gestão de produtos químicos e resíduos e a consequente perda de biodiversidade interferem no gozo desse direito – e que o dano ambiental tem implicações negativas, diretas e indiretas, para o gozo efetivo de todos os direitos humanos.

De acordo com o Relator Especial da ONU sobre Direitos Humanos e Meio Ambiente, David Boyd, a decisão da Assembleia mudará a própria natureza da lei internacional de direitos humanos. “Os governos fizeram promessas de limpar o meio ambiente e lidar com a emergência climática por décadas, mas ter direito a um ambiente saudável muda a perspectiva das pessoas de ‘implorar’ para exigir que os governos ajam”, disse.

 

Uma vitória de cinco décadas em formação

Em 1972, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente em Estocolmo foi a primeira a colocar as questões ambientais na vanguarda das preocupações internacionais e marcou o início de um diálogo entre países industrializados e em desenvolvimento sobre o vínculo entre o crescimento econômico, a poluição do ar, da água e do oceano e o bem-estar das pessoas ao redor do mundo.

Os Estados-membros da ONU, na época, declararam que as pessoas têm o direito fundamental a “um meio ambiente de qualidade que permita uma vida digna e bem-estar”, pedindo ações concretas e o reconhecimento desse direito.

Em outubro passado, após décadas de trabalho de países na linha de frente das mudanças climáticas, além de mais de mil organizações da sociedade civil, o Conselho de Direitos Humanos reconheceu esse direito e pediu que a Assembleia Geral da ONU fizesse o mesmo.

“Desde a Declaração de Estocolmo de 1972, o direito foi integrado em constituições, leis nacionais e acordos regionais. A decisão de hoje eleva o direito a seu lugar: o reconhecimento universal”, explicou a chefe do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Inger Andersen, em comunicado divulgado nesta quinta-feira.

Espera-se que o reconhecimento do direito a um ambiente saudável por esses órgãos da ONU, embora não seja juridicamente vinculativo – o que significa que os países não têm a obrigação legal de cumprir – deve ser um catalisador para a ação e para capacitar as pessoas comuns a responsabilizar seus governos.

“Então, o reconhecimento desse direito é uma vitória que devemos comemorar. Meus agradecimentos aos Estados membros e aos milhares de organizações da sociedade civil e grupos de povos indígenas, e dezenas de milhares de jovens que defenderam incansavelmente esse direito. Mas agora devemos aproveitar esta vitória e implementar o certo”, acrescentou Inger Andersen.

 

Tripla resposta à crise

O direito recém-reconhecido será crucial para enfrentar a tríplice crise planetária. Isso se refere às três principais ameaças ambientais interligadas que a humanidade enfrenta atualmente: mudança climática, poluição e perda de biodiversidade.

Cada um desses problemas tem suas próprias causas e efeitos e eles precisam ser resolvidos se quisermos ter um futuro viável na Terra.

As consequências das mudanças climáticas estão se tornando cada vez mais aparentes, através do aumento da intensidade e gravidade das secas, escassez de água, incêndios florestais, elevação do nível do mar, inundações, derretimento do gelo polar, tempestades catastróficas e declínio da biodiversidade.

Enquanto isso, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a poluição do ar é a maior causa de doença e morte prematura no mundo, com mais de sete milhões de pessoas morrendo prematuramente a cada ano devido à poluição.

 

Por fim, o declínio ou desaparecimento da diversidade biológica – que inclui animais, plantas e ecossistemas – impacta o abastecimento de alimentos, o acesso à água potável e a vida como a conhecemos.

 

Fonte: Nações Unidas

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Crise do diesel expõe vulnerabilidade energética na Amazônia

Cerca de 97% da potência instalada nos Sistemas Isolados em 2018 era de usinas termelétricas a óleo diesel, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) (Foto: Getty Images)

Crise do diesel expõe vulnerabilidade energética na Amazônia

Cerca de 97% da potência instalada nos Sistemas Isolados em 2018 era de usinas termelétricas a óleo diesel, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) (Foto: Getty Images)

A possibilidade de faltar diesel no mercado interno e externo, levantada após o aumento da demanda europeia pelo combustível exportado pelos EUA e diante da defasagem dos preços domésticos ante os praticados no exterior, preocupa para além da logística e da produção na região amazônica. Com cerca de 4 milhões de pessoas sem acesso ao sistema nacional de distribuição, cidades e comunidades inteiras no norte do país dependem do diesel para geração de energia elétrica e estão expostos a apagões e racionamentos diante de um eventual desabastecimento do combustível.

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